quarta-feira, 22 de maio de 2013

R E T R O F I T A N D O ! ! !



Igrejas, fábricas, estações de trem e até catacumbas viram casas! 
Sustentabilidade  e fantasia orientam retrofits inusitados, que eliminam as diferenças 
entre morar, trabalhar e se divertir.


À busca pelo novo somam-se ao sentimento ecológico e a fantasia, ingredientes que estimulam os inusitados retrofts. Essas revitalizações surgem da necessidade de integrar funções, eliminando diferenças entre morar, trabalhar e divertir-se. E refletem a flexibilidade do homem moderno”, avalia o arquiteto sueco Per-Johan Dahl, autor, junto de Caroline Dahl, do livro Loft, que analisa o conceito dos precursores dessa onda: os primeiros galpões industriais convertidos em casas, há 20 anos.

A IGREJA. Por fora uma típica capela, por dentro uma casa moderna. Ao restaurar o prédio dos anos 20 para abrigar sua nova morada, em Haarlo, na Holanda, o arquiteto Ronald Olthof, do estúdio LKSVDD Architecten, tentou preservar ao máximo a construção original, de 180 m². Telhas e tijolos de barro e a torre do sino foram apenas lavados com água e sabão. O interior da capela holandesa, porém, passou por uma reformulação e tanto. Teve o forro demolido para deixar as vigas à mostra e ganhou piso de concreto aerado, além de mezanino, onde fica o quarto do arquiteto Ronald Olthof. No térreo, distribuem-se sala, cozinha e escritório – este na elevação antes destinada ao altar.


Trilhado na Europa e nos Estados Unidos desde os anos 60, esse caminho popularizou-se na década seguinte, sob influência de intelectuais como Jane Jacobs – autora de Morte e Vida de Grandes Cidades, um clássico do urbanismo. 


A ESTAÇÃO DE TREM. Vizinha ao parque nacional de Zuid-Kennemerland, nos arredores de Amsterdã, a construção do final do século 19 estava abandonada desde os anos 90. Mas depois da transformação assinada por Steven Nobel, do Zecc architecten, e Jeroen van Zwetselaar, do ZW6 Interiors, virou a acolhedora residência do designer e seu filho de 4 anos. A primeira medida de Steven Nobel e Jeroen van Zwerselaar foi retirar alterações recentes que descaracterizavam a antiga estação. Depois, para crescer a planta em 80 m², a dupla adicionou duas estruturas de aço corten com amplas portas de vidro duplo e cavou o subsolo, onde abriu espaço aos dois quartos e ao banheiro.

Estimulado pelo inconformismo, sintetiza um novo jeito de viver, de sentir, de ver o mundo. “Meu prédio manteve sua herança cultural, e é muito bom saber que ele ainda estará aqui em 100 anos”, fala Ronald Olthof, dono da casa-igreja. Outros aspectos também atraem o interesse dos moradores: dimensões, valor dos imóveis e qualidade construtiva. Edifícios mais velhos apresentam uma paleta de materiais que muitas obras atuais já não podem se dar ao luxo de utilizar, como ferro fundido e madeira nobre. Juntos, os três pontos são o retrato de um movimento urbanístico bem mais amplo, em que entram desde a revitalização de áreas deterioradas por intermédio de projetos inovadores até o ímpeto coletivo de trocar o carro pela bicicleta. “Executado com sensibilidade, o retroft mantém intacta a alma do lugar”, lembra Francis D. K. Ching, professor do departamento de Arquitetura do College of Built Environments, da Universidade de Washington. “O mix entre o velho e o novo dá a sensação de viver entre dois mundos e ter o melhor de cada um”, resume o designer Jeroen van Zwetselaar, da casa-estação.



  [...] RETROFIT.

Quem lida no mundo da construção talvez nunca tenha ouvido falar tanto em “retrofit” como nos últimos tempos. O termo em Inglês nada mais é do que a popular “reforma”, mas aqui com um sentido de customizar, adaptar e melhorar os equipamentos, conforto e possibilidades de uso de um antigo edifício. Mas porque reformar ao invés de fazer um prédio novo? Bem, há várias coisas a serem consideradas.


De algum tempo para cá o termo retrofit tem sido pronunciado com frequência crescente no quotidiano dos arquitetos, construtores e decoradores. Com a tradução liberal de “colocar o antigo em boa forma”, o termo retrofit tem sido amplamente empregado com o sentido de renovação, de atualização mas mantendo as características intrínsecas do bem retrofitado. Não se trata simplesmente de uma reconstrução, pois esta implicaria em uma simples restauração. Ao invés disto, busca-se o renascimento. No mundo da construção, a arte de retrofitar está aliada ao conceito de preservação da memória e da história.


A prática do retrofit surgiu e foi desenvolvida na Europa, onde ocupa importância crescente devido à enorme quantidade de edifícios antigos e históricos.


A motivação principal é revitalizar antigos edifícios, aumentando sua vida útil usando tecnologias avançadas em sistemas prediais e materiais modernos, compatibilizando-os com as restrições urbanas e ocupacionais atuais, sem falar da preservação do patrimônio histórico, sobretudo o arquitetônico.


Na maior parte dos casos, o retrofit acaba saindo mais caro do que derrubar o antigo edifício e construir um novo, mas quando se trata de preservar o patrimônio histórico o custo é deixado de lado. Porém nem sempre é assim -- um retrofit corretamente planejado, projetado e executado poderá manter o edifico constantemente atualizado, a despeito do desafio enfrentado, aumentando sua vida útil, diminuindo custos com manutenção e aumentando suas possibilidades de uso. Por isto mesmo, o retrofit pode e deve buscar, com eficiência, dotar o edifício de atualidade tecnológica que possa traduzir-se em conforto, segurança e funcionalidade para o usuário mas mantendo a viabilidade econômica para o investidor. 


A CATACUMBA. Na cidade histórica de Civita di Bagnoregio, na Itália, o arquiteto Patrizio Fradiani, do Studio F Design, criou um incrível espaço de lazer numa rede subterrânea de túneis com 200 m² de área. Sob a construção do século 14, uma escada escavada na rocha conduz a cavernas da era etrusca, transformadas em sala de estar e de meditação, galeria de arte, adega, piscina e jardim suspenso sobre os penhascos. Em respeito ao acervo precioso da cidade histórica italiana, um geólogo acompanhou toda a obra. Materiais modernos foram adicionados com parcimônia – muitos vindos de demolições. a terracota usada no piso é artesanal; as pedras vulcânicas, originais.

RETROFIT URBANO


O retrofit não se limita a edifícios, mas pode atingir também grandes áreas urbanas, especialmente quando se aborda a questão da revitalização urbana e atualização de construções. Em qualquer das situações o retrofit tem o sentido de renovação, onde se pressupõe uma intervenção integral, obrigando-se ao encontro de soluções nas fachadas, instalações elétricas e hidráulicas, circulação, elevadores, proteção contra incêndio e demais itens que caracterizam o uso do que existir de melhor no mercado.


De tudo o que foi exposto, percebe-se que o retrofit deve buscar a eficiência, pois é mais difícil do que iniciar uma obra, em função das limitações físicas da antiga estrutura, entretanto, a redução do prazo e a adequação geográfica do imóvel certamente estimulam cada vez mais a adoção desta prática. 

2 comentários:

  1. Show de bola rebeca macarrão! nao conhecia o termo.

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    1. Rs.
      Que bom que gostou Paulo!
      Espero sempre sua visita no Blog Arquiteta de Plantão.

      Beijo.

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